Com
esta coisa toda da crise na Grécia e a nossa (já longa) história de austeridade, tenho pensado
bastante sobre a teologia das dificuldades financeiras. E no espírito de Pascal*, venho debitar aqui alguns pensées sobre a teologia da escassez financeira. Pensando em perguntas como "de que forma viver?", "que
postura adoptar?", ou "onde está Deus nas dificuldades financeiras?", dou aqui o mote para uma reflexão que se quer mais aprofundada e menos simplista. Mas para já, por aqui, é o que se arranja.
Antes
de mais, sou um menino nestas coisas das dificuldades. Sou um
privilegiado. Sou um ocidental, um europeu, um português, com família
que ajuda, com subsídios, apoios, segurança social, hospitais, Banco
Alimentar, etc, etc, etc. Por isso, falo com uma experiência pouco
intensa de quem apenas passou por alguns tempos de relativa escassez.
Nunca passei fome, e isso faz de mim um menino-bem neste mundo. E este é
o primeiro pensée sobre isto: a escassez só invalida a gratidão na
inconsciência de quem só vê o seu próprio umbigo.
O segundo pensée é
este: quando entramos num modo de constantemente nos queixarmos da
nossa vida financeira, estamos, em última análise a queixarmo-nos de
Deus e/ou de nós próprios.
1)
De Deus porque agimos e falamos como se Ele não fosse soberano e fosse
apanhado de surpresa com crises que nos afectam. Claro que o governo é
corrupto, a máquina política está à mercê dos grandes grupos económicos,
os ricos enriquecem mais ainda, os pobres empobrecem na mesma
proporção... tudo isso está mal. Mas e Deus? Está a dormir? Não
antecipou a crise? Esqueceu-se de cuidar de nós? De cumprir as suas
promessas? Mateus 6, meus amigos, Mateus 6!
2)
Ou então de nós, se tivermos alguma razão de queixa relativamente às
eventuais escolhas que possamos ter feito. Sem ir mais longe, somos nós
que escolhemos precisar de carro(s), telemóvel/eis, pacotes de
internet/tv/telefone, tablets, PCs, ir a restaurantes de vez em quando,
férias no verão, presentes caros no natal. Quem escolheu este estilo de
vida? Nós. Se temos de nos matar a trabalhar para pagar este estilo de
vida (e nunca chega), isso é consequência da nossa decisão de manter algumas dessas coisas como prioritárias. Em última análise, a decisão de precisar destas coisas é
nossa, não de Deus. Mais aberrante do que isso são factos como a nossa falta de generosidade, que revela o quão absurdas são as nossas prioridades como cristãos. Leonard Ravenhill dizia que os cristãos gastam mais em comida de cão do que dão para organizações missionárias. E ainda que não tenhamos números, penso que não temos dúvidas disto (comida de cão é apenas um exemplo das várias futilidades que colocamos como prioritárias em relação à contribuição que podemos dar para o avanço do Reino de Deus).
Sei que estou a ser extremamente simplista - na realidade, estas necessidades não foram só escolha nossa, em parte também nos foram criadas - mas gostava de provocar alguma reflexão sobre o estilo de vida a que nos obrigamos a aderir de forma mais ou menos inconsciente. E a realidade inegável é que há um montão de coisas que temos a certeza que nos são essenciais, mas não são. Vivemos bem - porventura até melhor - sem algumas delas. Não advogo necessariamente um despojamento monástico dos bens materiais, mas uma relativização, ao nível do nosso entendimento, daquilo que são supostamente as nossas necessidades (e depois de pensarmos sobre isto e ganharmos esta consciência, acresce-nos um pouco a responsabilidade).
O terceiro pensée, relacionado com o anterior, é que podemos muito bem não ter porque "pedimos mal, para gastarmos nos nossos próprios deleites" (Tiago 4:3). É que Paulo assume que "Deus pode fazer-nos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundemos em toda boa obra”. Significa que na Bíblia encontramos uma certa teologia da escassez muito voltada para a utilização que damos aos recursos.
Claro que isto não é mecânico, como por vezes algumas pessoas o pintam - "dá dinheiro e Deus não terá outro remédio senão recompensar-te". Como se Deus não tivesse vontade própria e nós o pudéssemos manipular (por exemplo, o mesmo Paulo passou dificuldades financeiras graves e viu isso como instrução, não como uma atitude errada da sua parte relativamente às intenções de utilização dos recursos). Isto leva-nos ao quarto pensée.
O quarto e mais duro pensée
é que sem dificuldades (também financeiras) não somos aperfeiçoados na fé. Confiar em Jesus e
andar sobre as águas, querer ser como o mestre e tomar a cruz, (viver
no mundo!) tem um ingrediente essencial: aflições. Afinal, se dizemos a
Deus: "Pai, ensina-me a ser como Jesus", esperamos o quê? Só passeios à
beira mar? Não, Jesus não vivia só isso. Jesus viveu como um sacrifício
vivo. Mas há uma boa notícia: Ele sempre estará connosco, nunca nos
abandonará. Graças a Deus.
Deus nunca nos abandonará. E no fim de tudo isto, damos à Bíblia o pensée final, já que é sempre ela que nos dá a definitiva orientação. E a definitiva orientação da Palavra inspirada de Deus para esta questão da escassez parece-me ser esta:
I Pedro 5:6,7
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
Submetamo-nos humildemente a Deus. A seu tempo, coisas boas irão acontecer. Por enquanto, o nosso papel é confiar.
* Pensamentos (em francês: Pensées) é uma obra do físico, filósofo e teólogo francês Blaise Pascal (1623-1662). A obra foi escrita com o intuíto de defender o cristianismo e foi publicada postumamente em 1670.
Deus nunca nos abandonará. E no fim de tudo isto, damos à Bíblia o pensée final, já que é sempre ela que nos dá a definitiva orientação. E a definitiva orientação da Palavra inspirada de Deus para esta questão da escassez parece-me ser esta:
I Pedro 5:6,7
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
Submetamo-nos humildemente a Deus. A seu tempo, coisas boas irão acontecer. Por enquanto, o nosso papel é confiar.
* Pensamentos (em francês: Pensées) é uma obra do físico, filósofo e teólogo francês Blaise Pascal (1623-1662). A obra foi escrita com o intuíto de defender o cristianismo e foi publicada postumamente em 1670.
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
1 Pedro 5:6,7
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
1 Pedro 5:6,7
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
1 Pedro 5:6,7
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
1 Pedro 5:6,7
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
1 Pedro 5:6,7
Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.
1 Pedro 5:6,7
